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Informática: Uma Nova Especialidade Médica?

  • Foto do escritor: Blog NUCIM
    Blog NUCIM
  • 27 de jun. de 2017
  • 3 min de leitura

Recentemente foi criada nos EUA pela Associação Americana de Informática Médica (AMIA), uma nova especialidade médica, a Informática Clínica, que congrega médicos dedicados a esta nova especialidade (que também é reconhecida pela Associação Médica Americana). A AMIA confere um ambicionado título de especialista, já conferido através de um exame a centenas de médicos naquele país.

Parece estranho que uma área essencialmente tecnológica, pertencente ao ramo das ciências exatas, e que não envolve contato direto com pacientes, seja considerada uma especialidade médica. Mas, essa é a tendência mundial na Informática Médica, a ciência e tecnologia que aplicam conhecimentos interdisciplinares de ambas as áreas.

Nos países desenvolvidos, a maioria dos hospitais, grandes clínicas, indústrias farmacêuticas e de equipamentos biomédicos, órgãos governamentais de saúde pública, sistemas seguradores de saúde e faculdades de medicina estão em busca deste novo profissional: o médico que se dedica à Informática aplicada ao setor saúde. Somente nos EUA existem dezenas de milhares de ofertas de emprego (muito bem pagas, por sinal) para esse especialista.

O problema é que este profissional ainda é muito raro, principalmente no Brasil, onde a demanda específica do mercado tem aumentado vertiginosamente ultimamente, graças a inovações como o Prontuário Eletrônico do Paciente, a Telemedicina e a Saúde Móvel, representando assim uma nova e promissora oportunidade de especialização e de trabalho para o médico. Uma das novas e mais procuradas designações de trabalho para ele nessa área é o chamado CMIO (Chief Medical Information Officer: executivo médico de informação).

Como é formado o especialista em Informática Médica ? Os médicos que assumiram essa nova área em tempo integral são profissionais multidisciplinares, híbridos do casamento entre as ciências exatas (engenharia, computação, matemática, lógica) e as ciências biológicas (biologia humana, medicina, etc.). Evidentemente, são difíceis de achar, pois ainda são poucos os centros de formação com excelência acadêmica no país que concentram nesse profissional, especificamente. A maioria é formada por cursos de pós-graduação lato-sensu (especialização em informática em saúde) ou mestrado/doutorado, mas que não tem como público alvo especificamente os médicos.

Um curso bastante interessante, pois é intensivo, é ministrado por mim e minha equipe desde 1989, no começo pelo no Núcleo de Informática Biomédica da UNICAMP, que foi um dos centros de formação mais ativos do país, e desde 2013 pelo Instituto Edumed para Educação em Medicina e Saúde, também de Campinas. Trata-se do Curso de Verão de Capacitação Docente e Profissional em Informática em Saúde.

O curso, que é ministrado todos os anos nas férias de verão, tem por objetivo um amplo programa rápido de formação e especialização de informatas médicos, tomando como material humano os médicos e outros profissionais de saúde já graduados, que desejam se dedicar profissionalmente a esta área. Excepcionalmente são aceitos estudantes dos anos avançados da medicina. É um curso extremamente abrangente, em conteúdo, apesar de sua curta duração.

São numerosos e diversificados os campos de trabalho possíveis para o informata médico: o desenvolvimento de software para aplicações médicas; a consultoria, implantação e gerenciamento de sistemas computadorizados no ambiente clínico ou organizacional; e a pesquisa e o ensino em Informática Médica, entre outros. É ideal, portanto, para médicos jovens que gostam de tecnologia.

Uma palavra de cautela, porém: para se dedicar profissionalmente á Informática Médica, é preciso tanta responsabilidade e conhecimento específicos como o que ocorre, analogamente, nas outras especialidades médicas. Ninguém imaginaria um oftalmologista se metendo a fazer transplantes cardíacos, ou cirurgiões plásticos ousando operar sistemas de medicina nuclear. É a mesma coisa em Informática Médica: é necessário um grau mínimo de formação profissional, que passa pelo aprendizado formal das ferramentas da Informática.

A Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS) possui um programa de profissionalização de TI em Saúde (proTICS), que define as competências na área, e testa-as por meio de um exame, que confere um certificado profissional (cpTICS). Procure informar-se mais a respeito! O Brasil precisa muito desse tipo de profissional!

Referência:

Sabbatini, R. M. E. Informática: uma nova especialidade médica?, 2015. Disponível em:< https://academiamedica.com.br/informatica-medica/>

Para Saber Mais:

DETMER, D. E.; SHORTLIFFE, E. H. Clinical informatics: Prospects for a new medical subspeciality. JAMA. 311(20). P2067-2073. 2014.

MIHALAS, G.; ZVAROVA, J.; KULIKOWSKI, C.; BALL, M.; BEMMEL, J. V.; HASMAN, A.; MASIC, I.; WHITEHOUSE, D.; BARBER, B. History of medical informatics in Europe: a short review by different approach. ACTA Inform. Med. 22(1). 6-10. 2014.

ROSEBLUM, R.; DONZE, J.; HOCKEY, P.M.; GUZDAR, E.; LABUZETA, M.A.; ZIMLICHMAN, E.; BATES, D.W. The impact of medical informatics on patient satisfaction: a USA-based literature review. International Journal of Medical Informatics. V. 82. p141-158. 2013.

WECHSLER, R.; ANÇÃO, M.S.; CAMPOS, C.J.R.; SIGULEM, D. A informática no consultório médico. Jornal de Pediatria. Vol. 79. pS3-S12. 2003.


 
 
 

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